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23 de Abril de 2024

Saiba o que muda com a aprovação final da PEC do Teto dos Gastos Públicos

Publicado por Agência Brasil
há 7 anos

O Senado Federal aprovou nesta terça-feira (13), por 53 votos a favor e 16 contra, o texto final da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que impõe um teto aos gastos públicos pelos próximos 20 anos. A matéria aprovada na Câmara dos Deputados como PEC 241 precisava de pelo menos três quintos dos integrantes do Senaod (49 de 81) para ser aprovada em segundo turno e seguir para sanção presidencial.

Após a aprovação do texto-base sem alterações, foram apreciados dois destaques. Um que tratava da limitação de despesas obrigatórias, como o salário mínimo, e outro que propunha um limite mínimo de gastos com saúde e educação. Ambos foram rejeitados. A emenda constitucional segue agora para sanção presidencial.

Entenda o que muda com a decisão do Congresso:

O que propõe a PEC 55?

A PEC do Teto de Gastos Públicos, proposta pelo governo federal, tem o objetivo de limitar o crescimento das despesas do governo. Considerado pelo governo Michel Temer como o primeiro passo para superar a crise econômica e financeira do país, a medida fixa para os três Poderes, incluindo Ministério Público e Defensoria Pública da União, um limite anual de despesas.

Por que o governo quer limitar os gastos?

A equipe econômica encaminhou a medida para tentar reequilibrar as contas públicas nos próximos anos e impedir que a dívida do setor público, que atingiu 70% do Produto Interno Bruto (PIB) em agosto, aumente ainda mais.

Para quem vale a limitação do teto de gastos públicos?

A regra vale tanto para gastos do Executivo quanto para despesas do Senado, Câmara, Tribunal de Contas da União, Ministério Público da União (MPU), Conselho do MPU, Defensoria Pública, Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Conselho Nacional de Justiça e justiças do Trabalho, Federal, Militar, Eleitoral e do Distrito Federal e Territórios.

Como é calculado esse limite de gastos?

Segundo a medida, o governo, assim como as outras esferas, poderá gastar o mesmo valor que foi gasto no ano anterior, corrigido apenas pela inflação. A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é a desvalorização do dinheiro, ou seja, quanto ele perde de poder de compra num determinado período. Apenas para 2017 o limite orçamentário das despesas primárias – aquelas que excluem o pagamento de juros da dívida – será o total gasto em 2016 corrigido por 7,2%. De 2018 em diante, o limite será o do ano anterior corrigido pela variação do IPCA de 12 meses do período encerrado em junho do ano anterior. No caso de 2018, por exemplo, a inflação usada será a colhida entre julho de 2016 e junho de 2017.

Qual será a duração da medida?

O texto limita por 20 anos os gastos federais ao Orçamento do ano anterior corrigido pelo IPCA.

Ela poderá sofrer alterações?

O presidente da República pode propor um projeto de lei complementar para alterar, a partir do décimo ano de vigência do novo regime fiscal, o método de correção dos limites de cada grupo de órgão ou poder. O texto permite apenas uma alteração do método de correção por mandato presidencial.

Quais serão as consequências caso o limite não seja cumprido?

Caso o limite de crescimento de gastos seja descumprido, Poderes ou órgãos a eles vinculados ficarão impedidos no exercício seguinte de: reajustar salários, contratar pessoal, fazer concursos públicos (exceto para reposição de vacância) e criar novas despesas até que os gastos retornem ao limite previsto pela PEC.

No caso do Poder Executivo, a extrapolação de seu limite global provocará a proibição adicional de criar ou expandir programas e linhas de financiamento ou o perdão, renegociação ou refinanciamento de dívidas que causem ampliação de despesas com subsídios e subvenções.

Além disso, o governo também não poderá conceder ou ampliar incentivo ou benefício de natureza tributária.

A medida se aplica para todos os tipos de gastos do governo? O que fica de fora?

Ficarão fora dos limites, entre outros casos, as transferências constitucionais a estados e municípios, os créditos extraordinários para calamidade pública, as despesas para realização de eleições e os gastos com aumento de capital das chamadas empresas estatais não dependentes.

Outra possibilidade de exclusão do teto é o uso de recursos excedentes ao resultado primário de cada ano no pagamento de restos a pagar registrados até 31 de dezembro de 2015.

Assim, mesmo com a previsão de um deficit, como o projetado para 2017, de cerca de R$ 139 bilhões, se ele for menor, a diferença poderá ser usada para quitar esses restos a pagar sem entrar no limite do regime fiscal.

Como ficam os gastos com saúde e educação?

Diferentemente de outras áreas, saúde e educação tiveram o limite traçado pelo mínimo a ser gasto e não o máximo das despesas. Em 2017, haverá exceção para as áreas de saúde e educação, que somente passarão a obedecer ao limite a partir de 2018, segundo o governo. Pelo texto, o piso para os dois setores passa a obedecer ao limite de despesas ligado à inflação a partir de 2018. Atualmente, a Constituição especifica um percentual mínimo da arrecadação da União que deve ser destinado para esses setores.

Em 2017, o parecer prevê, no caso da saúde, percentual de 15% da receita líquida, que, segundo a Emenda Constitucional 86, só valeria em 2020. No caso da educação, o piso constitucional foi mantido em 18% da arrecadação de impostos. De 2018 em diante, o valor executado no ano anterior será corrigido pelo IPCA até 2036.

Qual é o impacto da medida sobre o salário mínimo?

No relatório apresentado à comissão especial que analisou a PEC na Câmara, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirmou em seu parecer que a proposta prevê que o salário mínimo, referência para mais de 48 milhões de pessoas, deixará de ter aumento real, aquele acima da inflação se o governo ultrapassar o limite de despesas, ou seja, gastar mais do que o fixado na lei.

Como ficam os concursos públicos?

O diretor da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, Ricardo Volpe, disse que, pela PEC, Judiciário e Legislativo têm “gordura para queimar” e estão em situação confortável, inclusive para promoverem novas contratações por concurso público. A exceção seriam os “mais gastadores”, como a Justiça do Trabalho. Já o Executivo ficaria dependendo de outras medidas de ajuste fiscal para se manter com a atual estrutura.

Edição: Amanda Cieglinski
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12 Comentários

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Fica uma pergunta que todo brasileiro quer saber; como fica os salários e benefícios dos políticos? continuar lendo

Na mesma, e quem é que "vamos" pagar as contas deles? continuar lendo

Uma das melhores medidas possíveis, só não é melhor porque não diminui-o a maquina pública, mas só vai evitar que ela continue a crescer como um câncer sem controle e acabe com a sociedade. continuar lendo

Boa tarde.
Como tudo nesse país se transfere para os outros as consequências da minha irresponsabilidade. Bilhões em impostos sonegados, dezenas de milhares de funcionários fantasma em todas as esferas do governo, auxilio "todo tipo de coisa", bilhões de reais desviados/estragados, Impostos e mais impostos sendo aumentados o tempo todo massacrando nosso orçamento sem que nada mude na situação do país, etc, etc, etc.. Mas a "solução" será encolher o gasto com saúde e educação. Será corrigir o gasto do ano anterior esquecendo que a população cresce e envelhece. A solução é aumentar a jornada de trabalho tornando a aposentadoria uma utopia. Quem conseguir alcança-la só terá dinheiro para comprar remédios enquanto espera a libertação dessa existência. E o pior de tudo: ainda tem quem aplauda uma coisa dessas. Nem seis meses de governo e vejam o rolo compressor passado sobre as classes menos abastadas. Parabéns "patriotas". Um minuto de silencio para comemorarmos. continuar lendo

O estado gastou tudo de maneira irresponsável, fomos perdulários, chegou a conta, fomos prejudicados não só nós, como nossos filhos e netos, quem sabe, tomara Deus, tenhamos aprendido a votar e não caiamos mais no canto da sereia.
Felizmente a educação fundamental e o segundo grau estão ligados a prefeituras e estados, que têm o repasse federal garantido na constituição e percentuais obrigatórios de aplicação destes níveis estabelecidos, portanto pouco ou nada sofrerão, com a aplicação do teto. Universidades e colégios técnicos federais, vão ter de fazer como nos EUA, Ásia e Europa, prestar serviço de desenvolvimento e pesquisa para empresas particulares, se quiserem ampliar.
Já a saúde deve seguir os caminhos da eficiência e da probidade perdidos ao longo do tempo. continuar lendo

"Ficarão fora dos limites, entre outros casos, [...] as despesas para realização de eleições [...]" continuar lendo

É que os descarados querem compensar a contribuição das empresas com contribuição oficial.
Não mais se lembram que Dilma quintuplicou o fundo partidário e que o PT acumulou o suficiente para seis eleições com gastos semelhantes a de 2014.
Acontecerão aumentos de contribuição oficial e caixa dois, se o povo não ficar de olho. continuar lendo