Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
19 de Abril de 2024

Atrasos de repasses não dão fundamentação para impeachment, diz Dalmo Dallari

Publicado por Agência Brasil
há 9 anos

Um dos maiores juristas brasileiros, Dalmo de Abreu Dallari foi o entrevistado de hoje (13) do programa Espaço Público, da TV Brasil. Aposentado da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), o professor criticou a tese de que os atrasos dos repasses a bancos públicos, feitas pelo governo federal na gestão passada, são justificativa para abertura de um processo de impeachment.

“Isso não tem nenhuma consistência, porque as possibilidades de impeachment estão expressamente fixadas na Constituição, no seu Artigo 85, que estabelece, com todas as letras, quais as possibilidades: são crimes de responsabilidade do presidente da República que atentem contra a Constituição Federal. E não se demonstrou nenhum atentado contra a Constituição Federal, porque essa questão dos atrasos dos repasses, na verdade, trata-se de um artifício contábil”, disse.

“Nem os que querem utilizar os atrasos dos repasses [para defender o impeachment] ousaram dizer que a presidenta Dilma Rousseff fez isso para tirar algum proveito pessoal. Ou para favorecer alguém. Nem se disse que esses atrasos dos repasses trouxeram prejuízo para o patrimônio público brasileiro, porque realmente não trouxeram”, acrescentou.

O jurista ainda destacou que a presidenta não pode ser responsabilizada por atos feitos em seu mandato passado. “A Constituição, no Artigo 86, Parágrafo Quarto, diz que o presidente da República vigente do seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos do exercício de suas funções, funções que ele exerce agora. Um mandato anterior é outro presidente. Não importa que a pessoa física seja a mesma”, disse.

“Se nós formos admitir isso, os mandatos passados também podem ser levados em conta. Se se fizesse isso, por que não somente o mandato anterior e não os anteriores? Então, por exemplo, nós teríamos que reabrir a discussão sobre o mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. Verificar se ele cumpriu rigorosamente a Constituição e, se não, anular todos os atos dele como presidente”.

Dallari disse considerar importante a decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, tomada hoje, de suspender o rito definido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para processos de impeachment contra Dilma. “Foi muito importante. Não se dará segmento a processo de cassação no Congresso Nacional antes que o STF decida o mérito de uma ação que deu entrada exatamente questionando a fundamentação jurídica de um pedido de impeachment”, disse.

O jurista ainda ressaltou que não tem vinculação com nenhum partido político e que se manifestava apenas juridicamente. "Eu sou jurista, professor de direito, acredito no direito e na Justiça, e não sou e nem nunca fui vinculado a nenhum dos partidos existentes no Brasil. Acho isso muito importante para que se perceba que a minha posição é fundamentalmente jurídica".

O Espaço Público, apresentado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Júnior, vai ao ar na TV Brasil às terças-feiras, às 23 horas.

Edição: Fábio Massalli
  • Publicações90686
  • Seguidores338
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações69
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/atrasos-de-repasses-nao-dao-fundamentacao-para-impeachment-diz-dalmo-dallari/242298133

28 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

Ou seja, segundo o "grande jurista", um erro justifica o outro.. "Eu roubo, mas ele também roubou, então está tudo certo!".
Aliás, ele não tem vinculação? E o Sr. Pedro Dallari, filho dele, deputado eleito pelo PT diversas vezes?
Grande piadista, isso sim! continuar lendo

Hyago, ainda na interpretação do jusvermelhista da USP ele então confirma que na nossa brilhante CRFB deixaram uma insidiosa proteção à maus procedimentos (pelo jurista são irrelevantes pela compartimentalização de mandatos!), mas vá fazer isso numa S.A., diga à CVM, ao Fisco que seu balanço tem gambiarras e então, suas ações perdem 30% de valor no mercado afetando todos stakeholders...
Qual a leitura do mundo financeiro sobre isso? Rebaixa que é mau pagador e não sabe gerir o seus recursos com seriedade. Qual foi o destino do dinheiro que faltou para fechar a conta, será que o emérito desconhece as formas de manipulação do poder no Brasil ou vive num obtuso e e típico entorpecimento socialista que se isola olhando para seu próprio umbigo (ou o do Fidel). continuar lendo

Natural que diria isso..... continuar lendo

Os brasileiros, infelizmente adotaram um método de "crescer" na vida muito peculiar. Que se restringe a ser ajudado por alguém. Exatamente desse jeito. As pessoas aceitam ofertas obscuras e oportunidades de procedência questionável e pelo resto da vida encontram-se "presos" a esse favor. E apesar de um posicionamento contra, hoje em dia é expressamente difícil crescer profissionalmente, socialmente e economicamente no Brasil sem essas ajudinhas dos já consolidados governantes. Arte essa que admiravelmente o Partido dos Trabalhadores consegue cultivar a tanto tempo. Um partido de oposição indispensável, mas que fez um trabalho tão bem feito, que chegou ao poder, junto de seus devedores, muitas vezes sem ter nenhuma base de conhecimento e aplicação sobre o lugar em que agora ocupa, outrora lhe ofertado em troca de um favorzinho no futuro. continuar lendo

Um adendo: espero que a Agência Brasil, quando noticiar o pedido de impeachment, também diga: Miguel Reale Júnior, um dos maiores juristas brasileiros...

Agora, a parte do texto:

"“Nem os que querem utilizar os atrasos dos repasses [para defender o impeachment] ousaram dizer que a presidenta Dilma Rousseff fez isso para tirar algum proveito pessoal. Ou para favorecer alguém. Nem se disse que esses atrasos dos repasses trouxeram prejuízo para o patrimônio público brasileiro, porque realmente não trouxeram”, acrescentou."

Apenas demonstra desconhecimento de economia. Crédito tem origem em credere, acreditar, ter confiança. Quando os agentes econômicos não confiam nas contas públicas porque têm conhecimento que balanços estão sendo maquiados é normal que se retraiam, e com eles a economia.
Mas esta declaração não surpreende, já que trata-se de um dos "maiores juristas brasileiros", e não de um dos maiores economistas brasileiros. Na verdade nem mesmo de alguém que conheça economia. continuar lendo

Natural que diria isso (2) continuar lendo

Pessoas sensatas, inteligentes e estudiosos nos assuntos jurídicos tem a clareza da estupidez da tentativa de golpe com um processo de impeachment infundado. Só um cego não enxerga isso. continuar lendo

Menos ... Jeanine. continuar lendo

O afamado jurista, foi muito sábio em não adentrar no mérito das famigeradas e popularmente conhecidas "pedaladas fiscais". Ora, essa prática não é atentatória aos princípios norteadores (legalidade, moralidade...) instituídos em nossa lei maior?! kkkkkk... Os elementos são mais do que suficientes para embasar o pedido de abertura do impeachment, cujas provas da existência do ato de improbidade administrativa, estão presentes no parecer do TCU que se manifestou à respeito negando as contas do exercício 2014, aliado à isso, as diversas manifestações públicas do ex-presidente (que devido a tamanha proximidade com a atual presidente, não seria um absurdo chamá-lo de "Dilmo") e de alguns ministros do governo dela que aduzem abertamente que de fato houve as "rasteiras fiscais", justificando de maneira lamentável e detestável que foi pelo bem maior do povo brasileiro (financiar os inúmeros programas sociais) kkkkkkkkkkkk..... Pois é, infelizmente, eles instam em insultar a nossa inteligência! continuar lendo

Não há ofensa quando a pessoa não possui a mesma. continuar lendo

Vamos aos fatos:
Atraso de repasse (ou pedalada) foi de apenas 40Bi no ano passado, contra os 110Bi apontados pelo TCU.
Se foram no ano passado, tudo bem, vamos interpretar o impedimento como algo feito no ano, claro, mas o que foi cometido no ano passado, qual a chance de não estar ocorrendo em 2015? Como vamos levar essa senhora até 2016 e esperar que seja impedida pelas "cagadas" (ou atividades gerenciais que cometeu)... em 2015.
E o estelionato eleitoral? Quem imagina que se essa senhora seria eleita se o não ocultasse a situação que o Pais se encontrava em 2014. Então o texto falando que ela não teve nenhum benefício, é piada de mal gosto. Pode ser que não esteja contente em ser PresidenA, mas deve receber pontualmente seu salário e não esta desempregada. E isso não é em benefício próprio? E ainda usa o aviaozinho para passear e falar asneiras por ai, ofendendo a inteligência brasileira, estocando vento ou falando da importância da mandioca, que a gente senta diariamente nela, por uma série de desgovernos os últimos patrocinados pelo PT, mas não limitados a ele. continuar lendo