Justiça do Rio nega habeas corpus preventivo a ateus e agnósticos durante a JMJ
Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro negou habeas corpus preventivo impetrado pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) e outros, que pedia a concessão de salvo-conduto em favor de manifestantes ateus, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A negativa foi dada na noite de sábado (20) pelo plantão judiciário do tribunal e divulgada hoje (22) pelo órgão.
No pedido de habeas corpus , a Atea informou que requereu a concessão de salvo-conduto para impedir toda e quaisquer prisão ou coação arbitrárias por quaisquer membros da Polícia Militar e/ou das Forças Armadas brasileiras durante o mencionado evento. A entidade se baseou no argumento de que o general José Alberto da Costa Abreu, comandante da 1ª Divisão do Exército e coordenador de Defesa de Área da JMJ, de que quem tentar promover qualquer mobilização no espaço sob o controle das Forças Armadas será convidado a se retirar.
Diante dessa declaração do general Abreu, os impetrantes do habeas corpus sustentaram que haveria ameaça de prisão de cidadãos, ou grupo de cidadãos, pelo simples fato de querer estar presente e eventualmente se manifestar perante qualquer autoridade, nacional ou estrangeira.
Na negativa, o desembargador de plantão ressaltou que o habeas corpus preventivo tem cabimento quando, de fato, houver ameaça à liberdade de locomoção, isto é, sempre que o fundado for o receio de o paciente ser preso ilegalmente. Ainda segundo o desembargador, não há que se falar em ameaça concreta de prisão iminente por ocasião dos eventos relacionados à Jornada Mundial da Juventude.
A decisão sustenta que a condição de ateu deve ser respeitada, porquanto a ausência de crença também está inserida no campo da liberdade de orientação religiosa, protegida pelo texto constitucional. Contudo, essa condição não garante aos pacientes, sob qualquer pretexto, o pretenso direito de manifestação nos locais de livre exercício dos cultos religiosos e suas liturgias, que devem ser protegidos pelo Estado, conforme determinação constitucional.
A Atea está promovendo hoje (22), no Rio de Janeiro e em outras capitais, o Dia Nacional do Desbatismo. O ato é um protesto contra o uso de verbas públicas para a JMJ e a vinda do papa ao Brasil, além da presença de símbolos religiosos em repartições públicas. A entidade pretendia se valer do habeas corpus para garantir as manifestações.
Edição: Aécio Amado
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45 Comentários
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Eu gostaria de ver essa associação fazendo manifesto também pelo fim da corrupção, pela melhoria da saúde e da educação, do transporte coletivo, pelo fim da impunidade e pela ameaça do crime organizado à democracia brasileira e a segurança nacional. continuar lendo
misturar religião com política não funciona, todo ateu sabe disso, e toda a história da sociedade também sabe disso. continuar lendo
Já estão fazendo. Quem disse que meu dinheiro deva ser usado para "viajantes"? Quero abatimento no meu IR... isso é algo que afeta a todos. continuar lendo
Valeu Luiz! continuar lendo
Muito bom Luiz. continuar lendo
A decisão foi proferida totalmente dentro dos preceitos Legais. Além do mais baderneiros poderiam se aproveitar, caso o habeas corpus preventivo fosse concedido, para promoverem suas ações antidemocráticas e se acobertarem na preventiva mesmo não sendo agnósticos. Aliás, ser ateu é um direito constitucional, todavia não é facultado a nenhum cidadão desrespeitar um evento religioso. Independentemente de ser religioso ou não temos o direito de sermos respeitados e consequentemente o dever de respeitarmos os outros. continuar lendo
Candido, concordo plenamente. continuar lendo
Não vejo como uma mistura entre política e religião, também acho que essa mistura nunca é saudável. Vejo a visita do Papa como um líder do país Vaticano que veio visitar o Brasil; da mesma maneira que vejo o Obama e outros, apenas o assunto a ser tratado é diferente, não estão tratando de comércio, acordo para importações e exportações, etc. continuar lendo
Também penso assim! É necessário considerar ainda que o investimento público ocorre em "mãos duplas": o turismo religioso movimentou a economia. continuar lendo
Todo e qualquer evento que tente produzir a visita de um Chefe de Estado a um país, será dada a este Agente, obrigatoriamente, necessária a sua proteção física. Ora, o Papa é um deles. e para nós católicos, é o representante de Deus aqui na Terra, queira ou não queira Ateus, ou protestantes. Se estas "figurinhas" não acreditam em Deus, problema delas. Agora, pretenderem promover o "desbatismo" e acanalhar a visita do Sumo Pontífice, aí já é querer ir longe demais. O nosso país é laico, todavia, o respeito a todo e a qualquer culto está assegurado na Carta Magna. Estas "figurinhas" leigas e seus advogados despreparados, deviam ler primeiro a Lei Maior, antes de falarem baboseiras, e pretenderem influir através da mídia, na promoção de um evento sem qualificação, ao qual denominam de "desbatismo". Isso é o cúmulo do absurdo. Cadê o respeito pelo direito dos outros? continuar lendo
Concordo plenamente com seu comentário. continuar lendo
Gilvan, muito bem lembrado.
Abraço continuar lendo